11 de jan. de 1984

Meio escura carta ao amor que não se vê - Manifesto à meia luz

Amor,


Eu tô de saco cheio de ficadas sem gosto

De garotas sem cor

Quero um tempero novo

Cheiro, sabor


Quero alguém pra me prender

Me segurar sem me soltar

Alguém pra quem eu possa

Deixar me abraçar


Um cantinho, um violão

Um acorde maior, feliz

Deixar pra trás essa terça menor

Dessa pintura de carvão e giz


Pra aquarela, flor amarela

Campos clarear

Num sono leve, doce

Me jogar e me afogar


E nessa pedaço de guardanapo eu me despeço

Meu espaço não faz jus

Encerro aqui

Meu manifesto à meia luz